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O dia em que um demônio foi obrigado a tecer louvores à Imaculada Conceição de Nossa Senhora

  • Writer: Danilo Lopes Missão
    Danilo Lopes Missão
  • Mar 7, 2024
  • 4 min read

Updated: Mar 9, 2024


Texto extraído na obra do Padre Francesco Bamonte, "A Virgem Maria e o diabo nos exorcismos"


"... Sobre os excepcionais testemunhos que os demônios fazem durante os exorcismos, o padre Cândido Amantini escreve assim, no seu livro «Il Mistero di Maria», nas págs. 329-330:


"Umas vezes, porém, o Maligno foi obrigado a confessar a sua vergonha pela boca dos possessos, a sua completa impotência diante das vontades da Soberana do céu e da terra. Outras vezes, teve até de transformar-se, apesar da sua imensa repugnância, em «panegirista» de Maria. A propósito, é-nos caro recordar o caso de um rapazinho de onze anos possesso que, por ordem de dois exorcistas dominicanos, ditou de improviso este soneto, ainda antes de ter sido definido o dogma da Imaculada Conceição"


O episódio é relatado pelo padre Cândido e também no livro já citado do padre Gabriele Amorth, mas sem nenhuma indicação das fontes. Também encontrei o mesmo soneto noutros textos e, até, no primeiro volume do Epistolário do Padre Pio, sempre sem a referência às fontes. 


Por isso, encetei pesquisas aprofundadas para remontar até as fontes para minha grande alegria, precisamente quando já quase não esperava encontrá-las, descobri que esta composição lírica tinha sido citada pelo cardeal Francesco Salesio Della Volpes no processo ordinário romano, que se realizou entre 1907 e 1928, para a beatificação e canonização do Servo de Deus, o papa Pio IX. O cardeal era um dos membros ligados ao  serviço pessoal do Papa, com o título - então em uso - de «camareiro secreto participante».


Um padre dominicano, que foi meu professor durante os estudos de Teologia e que trabalha na Congregação para as Causas dos Santos, a meu pedido, fez-me chegar uma fotocópia do documento que reproduz numa página o testemunho do Cardeal que apresentou o texto da composição, de que ele próprio possuía uma cópia. Ficou portado na «Positio: Romana. Beatificationis et canonizations Servi Dei Pii IX. Summi Pontificis, Positio super virtutibus, vol. 1: Summarium, p. 70»


O fato aconteceu em 1823, numa cidade da Itália meridional, hoje na província de Avellino, e que, então, se chamava Ariano di Puglia. Depois, em 1930, começando a fazer parte da região da Campania, aquela terra tomou o nome de Ariano Irpino. Naquele período, discutia-se muito entre os teólogos acerca da verdade da Imaculada Conceição que trinta e um anos mais tarde, em 1854, foi proclamada dogma da fé. Dois insignes pregadores dominicanos, o padre Cassetti e o padre Pignatura, durante uma missão paroquial, participaram nos exorcismos de um rapaz analfabeto de onze anos.


Eles impuseram ao demônio, em nome de Jesus, que mostrasse que Maria era Imaculada e mandaram-lhe que fizesse numa composição poética de catorze versos hendecassílabos, com rima obrigatória, em duas quadras e dois tercetos (um soneto). Então, o demônio, através do rapaz, compôs um texto poeticamente genial e, ao mesmo tempo, teologicamente exato sobre a verdade da Imaculada Conceição. Eis o texto:


[Verdadeira Mãe sou eu de um Deus que é Filho. 

E sou Filha dele, embora sua Mãe. 

Ab æterno nasceu Ele, e é meu Filho. 

No tempo eu nasci e, contudo, sou d'Ele Mãe.


Ele é meu Criador e é meu Filho. 

Sou eu sua criatura e lhe sou Mãe 

Foi prodígio divino ser meu Filho 

Um Deus eterno e me ter por Mãe.


O ser quase é comum entre Mãe e Filho 

porque o ser do Filho teve a Mãe 

e o ser da Mãe teve também o Filho.


Ora, se o ser do Filho teve a Mãe 

ou se há de dizer que foi manchado o Filho 

ou sem mancha se há de dizer a Mãe.]


Era impossível que um rapaz analfabeto pudesse fazer tal composição. Portanto, trinta anos depois, no mesmo ano da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, aquele texto foi apresentado ao papa Pio IX. O Pontífice, que ouviu aqueles versos – belíssimos e tão dogmática e teologicamente exatos, embora obra daquele singular «cantor» da Imaculada –, de rosto resplandecente, comoveu-se profundamente, desatando repentinamente num pranto de ternura.



Nota de rodapé das págs. 37-38, citando correspondências entre São Padre Pio e um de seus diretores espirituais sobre tal exorcismo:


O padre Agostino de San Marco in Lamis, que foi um dos principais diretores espirituais do Padre Pio, escreveu-lhe numa carta de 22 de janeiro de 1913:


«Agora, para que possa alegrar-te e para vergonha dos nossos inimigos infernais, envio-te uma composição em verso que encontrei em italiano e que traduzo para francês.»


Depois, o padre Agostino transcreve imediatamente o poema em italiano e, depois, em francês, introduzindo-o com estas palavras:


«Soneto feito por um possesso de onze anos em Ariano di Puglia, em louvor da Imaculada Conceição, com as rimas obrigatorias de Madre e Figlio.»


No fim do soneto, o padre Agostino revela que não conhece a fonte deste episódio:


«Não sei se este poema foi composto verdadeiramente por um endemoninhado. Creio que sim. Todavia, é muito belo e acolhedo-eis com agrado.»


Na carta de resposta, de 1 de levereiro de 1913, o Padre Pio diz ao padre Agostino, agradecendo-lhe:


«Deste-me um grande prazer com a transcrição e a tradução daquele sonetos.»


Fonte da nota: Upestelario, L. Comspondenza con diretton spiritual [1910-19221.4 edição, San Giovanni Rotondo (FG). Edizioni Padre Pio da Piese cina, 2002, pp. 332-333, 330.



Fonte de todo o texto: "A Virgem Maria e o diabo nos exorcismos", págs. 37-40, 5ª edição, Padre Francesco Bamonte, Edições Paulinas.



 
 
 

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